quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O DIPLOMA VALE COMO DIPLOMA

A história já se arrasta há anos.
Em 2001, a juíza Carla Richter, da 16ª Vara da Justiça Federal de São Paulo, decidiu que qualquer pessoa podia exercer a profissão de jornalista, sem a necessidade de um diploma.
Lembro que, na época, para demonstrar o quanto a medida era absurda, o Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais emitiu um registro provisório para a faxineira do próprio sindicato que era analfabeta.
De lá para cá, muita água rolou debaixo da ponte e o diploma para o exercício da profissão perdendo força a cada embate.
Com o apoio de grandes grupos, a ideia que ecoava era de que o corporativismo impedia que os jornalistas vissem a liberdade de expressão e imprensa através da medida inicial.
O golpe final parecia ter sido dado no momento no dia em que o STF-Supremo Tribunal Federal derrubou a obrigatoriedade do diploma e o Ministro Gilmar Mendes comparou jornalistas a cozinheiros, que aprendem no dia a dia a aprimorar seus dotes e receitas.
Sem desmerecer os profissionais da cozinha, os jornalistas tiveram seus brios cutucados e resolveram mostrar que ainda tem o fôlego e o espírito combativo que conheceram na época da faculdade e relembraram as experiências dos DCEs e Centros Acadêmicos.
A mobilização tomou conta de redações e sindicatos, marchas aconteceram nas ruas, caixa postal de e-mails de Deputados e Senadores ficaram lotadas de mensagens, discussões acaloradas em seminários, simpósios, blog, ...
Hoje, depois de passar pela Câmara, a CCJ-Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou, em poucos minutos, a PEC do diploma.
Ou seja, a Proposta de Emenda Constitucional determina que a profissão de jornalista seja privativa do portador de diploma de curso superior de jornalismo e facultativa ao colaborador que produza trabalho relacionado a uma especialização técnica, científica ou cultural.
Tirando toda polêmica sobre o caso, deixando de lado o corporativismo da profissão, os interesses financeiros das empresas de comunicação, o lado romântico, crítico e/ou combativo atribuído ao jornalismo, o que também envolve este caso é a desvalorização do ensino superior de um país.
Afinal pra que diploma de farmacêutico, se o balconista da farmácia receita o remédio direitinho?
Pra que diploma de dermatologista, se a esteticista da clínica do bairro faz um peeling que deixa o rosto uma seda?
Pra que diploma de oftalmologista, se o optometrista do bairro vê se o grau(dioptria) do óculos está ok?
Pra que engenheiro, se o mestre de obras sabe calcular direitinho quanto devo comprar de tijolo, cimento e telhas e ainda consegue desconto no depósito de material de construção?
Aliás, pra que servem as Universidades mesmo ?? Esta é uma outra briga que os jornalistas devem levantar para a sociedade inteira participar.
Mas atenção "Coleguinhas", nada de parar a mobilização e baixar a guarda!
Uma guerra nunca está ganha por completo, ainda mais no Brasil.
Vamos continuar em busca de um Conselho ou Ordem para que a profissão possa se fortalecer ainda mais e não sofra tantos insultos quantos os que foram proferidos por aqueles que consideram diploma para jornalista algo inútil.
E não esqueçam que a notícia hoje corre muito mais rápido. A velocidade da internet quebra as barreiras do silêncio e da ditadura.

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